domingo, 10 de novembro de 2013

Perdedores e vencedores

"A causa a que devotei boa parte da minha vida não prosperou. Eu espero que isto me tenha transformado em um historiador melhor, já que a melhor historia é escrita por aqueles que perderam algo. Os vencedores pensam que a história terminou bem porque eles estavam certos, ao passo que os perdedores perguntam por que tudo foi diferente, e esta é uma questão muito mais relevante"

Eric Hobsbawn, contracapa do livro Pessoas Extraordinárias - Resistência, Rebelião e Jazz

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Na cara

A realidade, desta forma, esmurrou-me violentamente, como um marido selvagem que bate na esposa, arremessando-a a um chão repleto de espinhos e desejos. E sem deixar marcas aparentes em sua face de veludo.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A resposta está no chão...

Dia difícil... pouco importa o problema. Uma nota vermelha no boletim. Um parente querido partindo por causa de uma doença incurável. Questões que poderiam ser resolvidas ou mesmo insolúveis. A depressão nos cega e não nos permite ver o caminho a seguir. Olhares cabisbaixos são o escape para não mirarmos nas expressões vitoriosas de nossos vizinhos. Muitas vezes falsas! Pessoas que não admitem a derrota, que ainda têm forças para sustentar as lonas de um circo montado, independente dos ventos raivosos que a chacoalham.

Mesmo insistindo em nos esconder das soluções, elas se mostram faceiras. É no pé de uma moça, simples, em uma letra rococó, que lê-se Let it Be. A canção imortal dos Beatles, feita em um momento em que a separação do grupo já era iminente e que a mensagem, no meio de toda a escuridão, parecia ecoar como um sol temporário. Deixe rolar! Você não tem o controle! Let it be, let it be, palavras de sabedoria, let it be. É das profundezas, da escuridão, do rio escuro onde nossos desejos inconfessáveis, mas presentes que vemos a luz. e o coro ecoando cada vez mais forte. Let it be Let it be...

Aos poucos a cabeça se reclina, a realidade se mostra como ela é, as respostas aparecem, e se a realidade se mostra dura, o conforto e o perdão se mostram igualmente fortes para ampará-la. Let it be, let it be...

sábado, 19 de outubro de 2013

Harmonia

Um dia fui com um amigo de outro Estado a uma danceteria. Cheio de problemas, endividado, cansado de tudo, em um momento de profundas ressignificações, não estava com muita vontade, mas, para não fazer desfeita, fui.

Na pista, indiferente às Gagas, Madonnas e outras menores - cujos lançamentos são meros rastros de vento que não subsistirão à materia e servirão para festinhas temáticas de geração tribunal do Facebook que nasce neste momento - ouvia meu próprio. Dançava sem compasso, sem harmonia com o local, as canções que eles fizeram pra mim.

Uma geração de amigos que morreram de Aids, de overdose, ou que estão no poder. Muitas vezes rasgando suas biografias fora por motivos inconfessáveis e talvez vergonhosos. É ao som de um apesar de você, oração ao tempo, nuvem negra que eu, mais uma vez descompassado, bailo na pista como se estivesse em uma escola de balé.

Ninguém presta atenção em mim. É uma liberdade que muitas vezes desejamos. Mas com o preço da indiferença a ser pago. Mas com harmonia ou não, a gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando esta lama...

(sem pedir licença a ninguém para citar versos de músicas, OK?)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Vencido o Canto da Sereia. E agora?

Cinco anos de exílio, em um lugar onde não ouvia sabiás, onde não havia Palmeiras,
onde palmas não sacudiam com o vento.
Onde apenas a lua branca fulgurava esplendorosa, porém tão longe e fria, no excelso firmamento.

Apenas o canto das sereias,
firme
forte
alto
insistente
altissonante
me acompanhava.

Para resistir,
colocava em minha frente a imagem de minha Penélope
a cozer e descozer contínua e descontínuamente o seu velo dourado

A esperar por mim, o teu inconstante Ulisses que ia e voltava, entre uma onda e outra

Com seu pequeno barco às vezes quase à deriva
às vezes, quase por um milagre, resistindo às intempéries do tempo.

Ainda não sei - tal como o poeta português - qual caminho tomar.
Só tenho quase certeza do caminho para o qual não quero retomar.
De maneira nenhum irei por ali.

Seguirei o caminho da literatura? do Ensaio? Quiça dos novos amores?
Apenas sei que será o coração, este músculo importante de onde brota a intuição,
que orientará a trajetória a seguir.

Uma noite a lua brilhará mais
A inspiração será melhor
A transpiração será maior.
O fruto do suor será mais suculento.

Em outras noites, este fruto será mais mirrado.

Mas não importa,

Ambos irão, seguramente, alimentar este espírito que jorra por alguma compreensão além da razão.

Questão de treino. Questão de tempo...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Lembretes

1 - Preciso me expor mais
2 - Preciso escrever mais
3 - Preciso fazer uma viagem no pequeno riquixá de vagabundo plástico que está na minha estante
4 - Preciso reunir, ordenar minhas ideias e publicar meu livro.

Tudo isso para a minha salvação

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Almofada

Quisera eu mergulhar profundamente
em seu alvo corpo formado de penas e ar
abraçar - com minhas 8 patas - todo o teu ser
preencher o meu corpo com as tuas lacunas
com peçazinhas que se encaixam e se desencaixam de forma única.

Me vejo afundando de cabeça em tua brancura
alvor que não se traduz em uma pureza lacônica e monótona
Se veste de gostosa melancolia. De uma luz que se abre em espelhos narcísicos
que de teu corpo de forma imperfeita
se traduz em mais-que-perfeição.

Tempo do futuro do pretérito. Aquele que nunca vai ser.

Quisera ter coragem de falar-te palavras reais. Um duro eu te amo - do qual sei que tens medo.
Quisera ser audaz e negar este terror que habita meu vermelho coração.
Vermelho, que inunda e destonifica o branco de seu corpo.
Talvez tenha medo que o vermelho das minhas palavras
ocupe o lugar que deveria ser do meu corpo.

definitiva e para sempre. Infeliz. Para Sempre.